Há muita confusão no debate público atual sobre essa ideia de que “impressão de moeda sempre gera inflação”. O tema é bem mais complexo do que parece e para entender melhor sobre esse assunto precisamos saber de uma forma mais aprofundada como a politica monetária funciona na realidade.
Existe uma teoria monetária que foi criada por Taylor, um economista do séc. XX, que já dizia que o que o se controla na economia são as taxas de juros feitas pelos instrumentos de política monetárias convencionais (open market, e afins). E não os agregados monetários, pois a oferta de moeda também passa pelas instituições monetárias (bancos comerciais) que podem fazer os multiplicadores de depósitos. E isso de maneira alguma afeta a inflação.
É consenso tambem entre os Bacens do mundo inteiro que a inflação acontece não por conta apenas da política monetária e sim das condições inicias de uma economia.
O indicador mais importante para verificar essa condição é o “hiato do produto”. Ele mede a temperatura de uma economia, em outras palavras, se ela estar aquecida com muito consumo e crédito circulando ou não. E o da economia brasileira é negativo, e isso significa que ela opera em sua capacidade ociosa, longe de seu produto potencial, segundo os dados do Instituto Fiscal Indepedente.
Tendo em vista isso, o debate na atualidade está se dando sobre a melhor forma de financiamento dos excessos de gastos governamentais, ocorridos por conta do Covid-19.
Esse sim é o real tema. Há quem ache que só a forma tradicional de política fiscal que é indo a mercado, ou seja, trocar títulos públicos por dinheiro, é o caminho a ser seguido, mesmo que o Tesouro Nacional se endivide com recursos de terceiros.
Também existem economistas que defendem uma resposta mais agressiva que é a política monetária (Banco Central) financiar o Tesouro Nacional de forma direta, comprando títulos no mercado primário. Algo que atualmente não é permitido pela Constituição.
Esse debate de que qualquer expansão monetária causa inflação não é respeitado mais no meio acadêmico. Ele só é cultivado nas redes socias e nos meios ancaps (Escola Austríaca) sem respaldo de evidências empíricas e estudos técnicos sobre o tema.
Referências : https://www12.senado.leg.br/ifi/dados/arquivos/estimativas-do-hiato-do-produto-ifi/view
Mankiw, Gregory : MACROECONOMIA – 8ª EDIÇÃO